O cisto de Baker, também chamado de cisto poplíteo, é uma lesão benigna, caracterizada pelo acúmulo de líquido em uma pequena bolsa que surge atrás do joelho (região poplítea), formando um cisto, que se apresenta como um nódulo abaixo da pele.
Em muitos casos ele chega a ser palpável e até visível, podendo provocar dor e dificuldade de movimentação do joelho.
Agendar sua AvaliaçãoDe forma mais específica, sabe-se que esse cisto é formado entre dois grandes músculos que estão na região posterior e mais interna (medial) do joelho, o músculo gastrocnêmico medial e semimembranoso.
No adulto, o surgimento do cisto de Baker está comumente relacionado a lesões intra-articulares, que podem levar ao acúmulo de líquido dentro da articulação, líquido sinovial, formando o cisto.
Já na criança, essa formação cística é mais rara. Geralmente é descoberta ao acaso e não está relacionada a histórico de trauma no joelho.
Agendar sua AvaliaçãoConfira o vídeo do Dr. Thiago Fukuda, diretor-clínico do Instituto Trata, sobre o assunto.
Causas do Cisto de Baker
O líquido sinovial é o líquido produzido dentro do joelho e tem como uma das principais funções a lubrificação da articulação. De forma geral, existe um bom equilíbrio entre a produção e a absorção desse líquido por parte das estruturas articulares.
Quando ocorre uma produção excessiva do líquido sinovial, chamada de sinovite, normalmente por condições inflamatórias na articulação do joelho, como lesão meniscal, artrite e processos degenerativos que consequentemente causam inchaço no joelho, esse líquido tende a ser comprimido e empurrado para se acomodar na região posterior do joelho, formando uma herniação na região poplítea, que constitui o cisto de Baker.
O excesso de líquido não absorvido pela articulação, pode também ser acumulado em uma estrutura semelhante a uma bolsa, chamada bursa poplítea, que se expande, dando origem ao cisto.
Outros exemplos de doenças que estão associadas a formação do cisto de Baker são:
- Osteoartrose do joelho;
- Artrite reumatoide;
- Atrite infecciosa;
- Traumas no joelho, de forma geral.
Fatores de Risco
Já que o surgimento do cisto de Baker está relacionado a uma condição que gera inflamação no joelho, pessoas de qualquer idade estão suscetíveis a desenvolvê-lo, mas os indivíduos acima de 60 anos são os mais propensos.
Isso acontece principalmente porque, com o passar do tempo, a articulação do joelho fica cada vez mais propensa ao desenvolvimento de doenças degenerativas e inflamatórias, como a osteoartrite/osteoatrose.
Sinais e Sintomas
Em alguns casos, sobretudo em crianças, o cisto poplíteo é assintomático e é descoberto ao acaso, ao ser observado a presença de uma massa ou tumoração na região posterior do joelho.
Mas os principais casos exibem sinais que indicam a presença dessa massa cística e dentre eles, pode-se apontar:
- Inchaço na região posterior do joelho (às vezes, na perna também);
- Dor ou sensação de incômodo na mesma região do inchaço ou em áreas próximas;
- Sensação de pressão atrás do joelho;
- Percepção de saliência incomum na região posterior do joelho durante palpação (semelhante à sensação de tocar em um balão cheio de água);
- Dor mais intensa ao esticar o joelho ou subir escadas;
- Rigidez na musculatura próxima ao joelho.
Os sintomas podem piorar depois que o paciente com o cisto de Baker realiza exercícios físicos e ao passar longos períodos em pé ou parado em uma mesma posição.
Na maioria dos casos, os sintomas não ficam restritos à região posterior do joelho, e as queixas clínicas estão mais associadas às doenças que deram origem ao cisto.
Isso faz com que sinais e sintomas relacionados à osteoartrose ou lesão de menisco (ou outras doenças associadas), por exemplo, sejam muito comuns nesses pacientes.
Complicações do Cisto de Baker
As principais complicações do cisto poplíteo ocorrem quando seu volume aumenta excessivamente ou quando ele se rompe. Nesses casos, os sinais e sintomas podem ser confundidos com doenças graves como trombose venosa profunda ou tromboflebite.
A região posterior do joelho (poplítea) acomoda nervos e vasos sanguíneos importantes e em casos em que o cisto é muito volumoso, o paciente pode apresentar sintomas de compressão dessas estruturas, queixando-se de sensação de formigamento (parestesia), alteração de força, dor intensa e até mesmo edema na perna, pois o cisto pode comprimir vasos importantes e atrapalhar o fluxo de sangue na perna.
Nos casos em que o cisto se rompe, o líquido que ele acomodava pode escorrer para a articulação ou por entre os músculos da perna, provocando uma reação inflamatória. Este quadro vem acompanhado de dor e vermelhidão na região atrás do joelho e aumento de volume e empastamento (endurecimento) da panturrilha.
Diagnóstico e Exames
Normalmente, o cisto de Baker pode ser diagnosticado por meio de um exame físico, já que costuma ser palpável e visível. Porém, como em alguns casos os pacientes apresentam sinais e sintomas compatíveis com doenças mais graves como trombose, aneurisma ou tumor, é necessário uma investigação mais criteriosa, envolvendo também exames de imagem.
Além disso, exames complementares são úteis para a realização de diagnóstico diferencial, já que a dor atrás da articulação do joelho pode ser confundida com vários outros diagnósticos, como tendinopatia do músculo poplíteo, dos isquiotibiais, lesão em gastrocnêmios ou até mesmo com artrose do joelho, o que faz com que o exame físico deva ser criterioso e auxiliado pelas imagens.
Quando há suspeita de cisto de Baker, o exame físico é feito com o paciente deitado de barriga para baixo e a palpação da região posterior do joelho é realizada com o joelho em extensão (esticado) e em flexão de 90 graus.
Nessas condições, palpa-se uma massa arredondada, com aspecto gelatinoso, mas com bordas bem delimitadas. Aproximadamente em 45 graus de flexão do joelho o cisto normalmente não é palpável, e esse fato é comumente utilizado para distinguir o cisto de Baker de outras massas sólidas como tumores de partes moles, por exemplo.
Os exames de imagem que mais são utilizados para auxiliar o diagnóstico do cisto são a ressonância nuclear magnética (RNM) e a ultrassonografia. A RNM é particularmente útil para diagnosticar lesões articulares associadas ao cisto, assim como as tendinopatias, que podem surgir em virtude das compensações geradas pelo indivíduo na tentativa de realizar as atividades do dia a dia ou esportes sem incômodos ou dores.
A ultrassonografia não permite análise de outras estruturas do joelho, mas é muito útil para delimitar o tamanho e a localização do cisto, bem como distinguir se o mesmo é constituído de líquido ou de algum tecido sólido.
Vale lembrar que a radiografia do joelho tem utilidade para o diagnóstico de uma doença associada, como no caso da artrose, mas não é útil para identificar o cisto em si.
Tratamento
Em muitos casos, o cisto de Baker não exige tratamento específico, podendo desaparecer por conta própria. Porém, quando o quadro clínico envolve queixas importantes de dor, limitação funcional ou quando o cisto é muito volumoso, alguns tratamentos são cogitados.
Mas essa condição é um sintoma de alguma alteração local, tratá-lo não garante que o cisto não retorne, portanto, é CRUCIAL identificar a doença que está causando ou causou o acúmulo de líquido na articulação e consequentemente o surgimento do cisto, para que a origem do problema seja tratada.
Podem ser administrados medicamentos específicos como corticóides que, normalmente, reduzem a inflamação e aliviam a dor, mas não garantem que o cisto não retorne. Além disso, esses medicamentos podem provocar alguns efeitos colaterais.
Outro procedimento que pode ser realizado é a drenagem do líquido através de um procedimento chamado de aspiração, que muitas vezes, exige um aparelho de ultrassom para guiar o procedimento e evitar lesões secundárias, já que tende a ser um procedimento complicado porque o conteúdo do cisto costuma ser denso e viscoso e não completamente líquido, o que dificulta a aspiração.
Mas quando este tipo de procedimento é realizado, a bursa pode se encher de líquido novamente em pouco tempo, principalmente se a causa primária não for tratada. A cirurgia de remoção do cisto é cogitada quando os tratamentos citados anteriormente não apresentam sucesso ou em casos em que o cisto é muito volumoso e está comprimindo estruturas do feixe vasculo-nervoso da região poplítea.
Dentre todas as possibilidades de abordagem, o mais seguro e fundamental é tratar o que pode estar causando o acúmulo de líquido na articulação e favorecendo o surgimento do cisto.
A Fisioterapia e o Cisto de Baker
A fisioterapia visa uma abordagem global do paciente com cisto de Baker, direcionando o tratamento para a doença ou lesão primária responsável pelo aumento do líquido intra-articular.
Nesse contexto, a reabilitação passa por fases que objetivam inicialmente a redução da dor e do processo inflamatório no joelho, através de recursos da eletrotermofototerapia e modulação de sintomas.
Com base na doença primária e no grau de comprometimento articular, o fisioterapeuta desenvolve um programa específico de ganho de amplitude do movimento e de fortalecimento dos músculos dos membros inferiores, objetivando o reequilíbrio muscular, a melhora da absorção das cargas que passam pelo joelho e consequentemente melhora funcional desses indivíduos.
Por fim, o tratamento abrange treino do controle do movimento, ganho de força e restauração do equilíbrio, na tentativa de proporcionar ao paciente melhor qualidade de movimentação em seu ambiente de vida diária ou durante atividades esportivas, da melhor forma possível.
Tratamento do Instituto TRATA
O Instituto TRATA possui uma equipe de especialistas que, antes de submeter o paciente ao tratamento, avalia detalhadamente o seu quadro histórico. E um dos grandes referenciais durante o tratamento, é o uso da tecnologia avançada.
O Instituto tem como principal bandeira o tratamento não-invasivo de lesões nos membros inferiores como quadril e joelho. Apesar de haver a opção cirúrgica, o tratamento conservador é a primeira linha de cuidados intensivos com a articulação afetada, recorrendo a opção cirúrgica somente se a fisioterapia com bons profissionais não conseguirem erradicar os sintomas.
Proporcionar a experiência mais completa, qualificada e individualizada no tratamento do quadril e joelho, para que nossos pacientes voltem a sua rotina normal sem dor.
A rede de clínicas do Instituto TRATA oferece tratamento para quadril e joelho, sendo a mais conhecida da América Latina, levando uma experiência completa, qualificada e segura.
É importante ressaltar que a fisioterapia deve ser iniciada o mais cedo possível, logo após o diagnóstico do cisto de Baker, uma vez que isto pode ajudar a acelerar o processo de reabilitação e melhorar as hipóteses de uma recuperação total.
Existe prevenção?
Não existe um protocolo específico de prevenção do cisto de Baker, mas uma vez que entendemos que o seu surgimento está intimamente relacionado à outras doenças do joelho, pode-se inferir que a manutenção de força e de um bom equilíbrio da musculatura dos membros inferiores, pode ser útil para prevenir o aparecimento de patologias primárias que apresentam, como sintoma/complicação o aparecimento do Cisto de Baker.
Conclusão
O Cisto de Baker é uma condição que não deve ser ignorada, porque pode ser um sintoma de um problema mais grave na articulação do joelho.
Tratar apenas o cisto não garante que este não regresse e, além disso, pode causar alguns efeitos secundários. A melhor maneira de abordar este problema é procurar tratamento para a condição subjacente que está causando a formação do cisto.
Esperamos que este artigo tenha sido útil para a compreensão do cisto de Baker. Se tiver alguma dúvida, por favor, sinta-se à vontade para deixar um comentário abaixo.
Obrigada pela leitura!
Agendar sua AvaliaçãoAtualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.