Você já ouviu falar em condromalácia ou condropatia patelar?
A prática de atividade física está cada vez mais frequente e fazendo adeptos das mais variadas idades, grupos sociais ou graus de condicionamento físico. Este aumento da prática esportiva traz resultados positivos quanto a qualidade e expectativa de vida na sociedade atual, porém, nem sempre os adeptos das atividades físicas realizam os exercícios corretos visando preparar as estruturas corpóreas para a prática da atividade física.
Agendar sua AvaliaçãoE infelizmente, a não realização destes exercícios, que detém o potencial de prevenir lesões, faz com que o aumento de adeptos aos esportes seja concomitante ao crescente número de lesões causadas pela ausência de preparo físico.
Com isso, as lesões nos joelhos acabam sendo frequentes entre os praticantes de atividades física, como por exemplo a Condromalácia Patelar.
Entendendo a estrutura do joelho

O joelho é uma das articulações de extrema importância para o corpo humano, por também ser responsável pelo desempenho de atividades funcionais tais como caminhar, subir e descer escadas por permitir os movimentos de flexão e extensão da perna.
Agendar sua AvaliaçãoO joelho é constituído pela união dos ossos do fêmur, da tíbia e patela, sendo este último, facilmente palpável, de formato triangular localizado na região anterior do joelho.
A patela se liga ao fêmur por meio da articulação femoropatelar, se une à tíbia pela articulação tibiofemoral e sua função é auxiliar no movimento de flexão-extensão do joelho, funcionando como uma espécie de polia para aumentar a capacidade de força gerado pelo músculo quadríceps, já que o mesmo conta com o tendão quadricipital (que interliga o músculo quadríceps com a patela) e o tendão patelar (que interliga a patela a tíbia), além de atuar na proteção das estruturas internas e permitir o deslizamento da patela sobre o fêmur durante a flexão ou extensão de joelhos. Funções que fazem da patela integrante fundamental do chamado aparelho extensor do joelho.
Pelo seu posicionamento, ela sofre ação de diversas forças com múltiplas direções provenientes das contrações musculares e alinhamento dos membros inferiores. Com o desequilíbrio destas forças, a patela pode sofrer sobrecarga em sua face interna revestida por cartilagem.
O Que É Condromalácia Patelar?

A Condromalácia Patelar acomete até 33% da população adulta, podendo atingir a 45% em adolescentes. Esta patologia é caracterizada por um “amolecimento” da cartilagem que reveste a face interna da patela, podendo resultar em rachaduras e até falhas na estrutura da cartilagem.
O diagnóstico é predominantemente clínico, podendo ser comprovado por ressonância nuclear magnética.
As mulheres estão mais propensas ao desenvolvimento da dor femoropatelar, cujas principais características englobam dor retropatelar ou peripatelar, incômodo associado a longos períodos sentados, ao agachar, após atividades físicas que exigem da articulação do joelho como a corrida ou caminhada, subir e, principalmente, descer escadas ou rampas.
Inicialmente, se as dores forem leves, o paciente não procura de imediato o Ortopedista ou Fisioterapeuta. Com a parada de atividade, a dor tende a desaparecer, mas a causa não é resolvida. Com o desenvolvimento da patologia, a dor aumenta e torna-se constante, podendo afetar as atividades físicas e de vida diária.
Minha dor no joelho é consequência da condromalácia patelar? A dor anterior no joelho dispõe de etiologia multifatorial, ou seja, não depende de um único fator causal. Estudos científicos apontam que a fraqueza e redução da flexibilidade de quadríceps, fraqueza dos músculos do quadril assim como a condromalácia patelar estão dentre as causas da dor retropatelar.
A Condromalácia Patelar pode ser classificada em Grau I, II, III ou IV, mediante o nível de alteração ou destruição da cartilagem, compreendendo o amolecimento (grau I), afinamento (grau II), rachaduras (grau III), e até a exposição do osso subcondral (grau IV).
Tratamento da Condromalácia Patelar

Uma vez realizado o diagnóstico da Condromalácia Patelar, é necessário iniciar o tratamento após análise do grau da patologia e avaliação completa das capacidades funcionais do indivíduo. Após esta etapa, o tratamento é instituído com base na fisioterapia e analgésicos ou anti-inflamatórios se necessário, com objetivo de buscar a resolução do problema e garantir que esta condição não se repita. Para atingir estes objetivos, é importante salientar que a orientação ao paciente é de extrema importância, como por exemplo, indicar a redução do peso corpóreo para aliviar o estresse articular.
Se por acaso o tratamento conservador não surtir os efeitos desejados em casos graves, a intervenção cirúrgica para buscar o alinhamento patelar e a resolução da lesão na cartilagem é indicada. Da mesma forma, é possível complementar o tratamento com infiltrações de hialuronato de sódio visando maior nutrição e lubrificação articular.
Tratamento conservador – Fisioterapia e Pilates
A fisioterapia é fundamental, pois atuará no fortalecimento e alongamento de alguns músculos específicos, além da liberação miofascial da musculatura envolvida, bem como na melhora da postura e do movimento articular.
O pilates também é recomendado para quem apresenta Condromalácia Patelar, pois atua de forma incisiva, porém sem grandes impactos, na musculatura que pode estar afetada, não colocando tensão excessiva na patela.
Equipamentos de Pilates, como Reformer, Cadillac e Chair permitem que o paciente faça os exercícios em diversas posições sem exigir de apoios nos joelhos. Além disso, por serem aparelhos com molas, há certa resistência no movimento, sem causar estresse na articulação.
Alguns dos exercícios recomendados são as “pontes”, para fortalecimento dos músculos extensores do quadril e da coluna e Core. Outro detalhe a ser enfatizado é a preferência por exercícios em cadeia cinética fechada, ou seja, com os pés apoiados ao chão, pois proporcionam maior estabilidade e diminuem o cisalhamento (atrito) articular.
Lembrando sempre que o importante é respeitar o que o indivíduo sente e seus limites físicos, sobretudo em relação à dor. Nunca forçar o movimento se houver dor e progredir a graduação dos exercícios baseando-se na exposição gradativa para fortalecimento muscular e otimização do controle motor dentro da fisioterapia.
A prática de pilates, com exercícios envolvendo alongamento como Stretches Front, Sit Up, Roll Over Barrel, Spine Stretch, Tower e Hip Stretch, fazem com que haja alongamento da musculatura quadríceps femoral, isquiotibiais, sartório, grácil, gastrocnêmio e glúteo máximo; além de trabalhar mobilidade de quadril, joelhos e tornozelos.
Cuidados Nos Exercícios Para Condromalácia Patelar

As restrições na prática de exercícios para quem tem Condromalácia Patelar existem somente para que a dor não piore e para que não haja sobrecarga em uma região já afetada, portanto é importante observar:
- Evitar exercícios que tensionam os joelhos, fazendo o estiramento dos tendões do joelho. Estes exercícios são contra-indicados;
- Evitar exercícios na posição ajoelhada, pois isso pode levar à dor;
- Graduar exercícios que trazem grande demanda aos músculos e estruturas intra-articulares, como corrida e saltos;
- Agachamentos devem ser estimulados progressivamente, baseando-se na capacidade muscular e queixas de dor;
- Se o paciente é um atleta, talvez seja importante reduzir o volume de treino enquanto durar o tratamento;
- Os treinos proprioceptivos e de equilíbrio são indicados sempre de forma progressiva.
Conclusão
Um diagnóstico preciso da patologia, avaliação das características e habilidades funcionais são essenciais para estabelecer um plano de tratamento específico e individualizado, baseado em exercícios de Pilates e Fisioterapia, além da orientação quanto a redução da prática esportiva para a reabilitação do paciente com Condromalácia Patelar.
Ao menor sinal de queixas que se assemelhem às características da Condromalácia Patelar, procure atendimento fisioterapêutico visando buscar informações verdadeiras e um tratamento específico, prevenindo complicações futuras.
Agendar sua AvaliaçãoAtualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.