A doença de Osgood-Schlatter, embora tenha um nome complicado, é uma condição benigna que afeta adolescentes, sobretudo no surto de crescimento, tendo como principal sintoma a dor abaixo do joelho, após atividade física.
O que é a doença de Osgood-Schlatter, como é feito seu diagnóstico e o tratamento? É sobre esses temas que falaremos hoje, confira!
Agendar sua AvaliaçãoHistórico da doença de Osgood-Schlatter
A Doença de Osgood-Schlatter leva o nome dos dois cirurgiões que descreveram a lesão.
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No início do século XX, dois cirurgiões ortopédicos, um dos Estados Unidos (Robert Osgood) e outro da Suíça (Carl Schlatter) descreveram uma doença na literatura a qual afetava crianças e adolescentes, caracterizada pela dor na tuberosidade da tíbia, após exercício físico.
Dessa forma, nascia a chamada doença de Osgood-Schlatter, com os sobrenomes dos dois cirurgiões que descreveram a lesão na literatura em 1903.
Até hoje, a patologia faz parte do diagnóstico diferencial em adolescentes que apresentam dor na região do joelho, sobretudo quando esse quadro doloroso se manifesta após exercício físico, melhorando com repouso.
A doença de Osgood-Schlatter também pode ser chamada Síndrome da tração do tubérculo tibial apofisárias ou apofisite da tuberosidade tibial anterior, em função do seu quadro clínico característico.
De fato, a doença de Osgood-Schlatter tem predileção por adolescentes, de 9 a 14 anos de idade e atinge preponderantemente o sexo masculino (com relação de até 3 meninos afetados, para 1 menina). Não se sabe se a doença é mais frequente em meninos, pois meninos dessa idade também apresentam maior prática esportiva do que meninas da mesma idade.
Geralmente, a doença se manifesta durante o chamado período de estirão, no qual os adolescentes apresentam surtos de crescimento.
No caso das meninas, ela costuma se manifestar antes da primeira menstruação (até 12 anos de idade, em média), quando o crescimento do público feminino costuma diminuir consideravelmente.
É bastante frequente em adolescentes que praticam atividade física de maneira regular, podendo ser até 4 vezes mais comum nesse público do que no público não praticante de atividade física.
Causas do surgimento da doença de Osgood-Schlatter
A causa da Doença de Osgood-Schlatter ainda é desconhecida.
Embora a causa do surgimento dessa doença ainda seja desconhecida, há teorias bastante sólidas de porque ela pode surgir, relacionadas à prática de atividade física frequente.
Observa-se frequentemente nos pacientes afetados por essa doença a musculatura bastante encurtada da parte posterior da coxa, com perda de forma na parte anterior da coxa, do músculo quadríceps.
Embora a musculatura encurtada não seja apontada como causa principal, é um achado frequente nos pacientes com esse quadro clínico.
Em adolescentes, com repetidas movimentações do joelho, isso pode levar a microtraumas na região superior da tíbia. Dessa forma, o organismo tenta se recuperar fazendo uma nova formação óssea na região.
Assim, forma-se uma tuberosidade (como se fosse um calombo) na região logo abaixo do joelho, justamente onde os microtraumas acontecem.
Em alguns casos, a tuberosidade é visível, inclusive, a olho nu, sobretudo em pacientes com mais idade ou prática esportiva bastante intensa e frequente. Nesses casos, o diagnóstico costuma ser bastante facilitado.
Sintomas
Nem sempre a sintomatologia é forte, podendo aparecer de modo mais gradual, mas, geralmente, o que leva o adolescente a procurar por atendimento médico especializado é a presença constante de dor na região, após a prática de atividade física.
O joelho também pode se apresentar com edema e até vermelhidão, formando a tríade dos sintomas característicos: dor, edema e hiperemia na região logo abaixo do joelho, sempre associado à melhora após repouso da atividade física.
Frequentemente, somente um joelho é afetado, mas não é tão incomum o aparecimento em ambos os joelhos.
Na história da doença, geralmente, há também eventos esportivos associados ou algum trauma na região.
Diagnóstico de Osgood-Schlatter
Para o diagnóstico da doença, o especialista examinará o paciente, bem como a história da doença.
A palpação da região logo abaixo do joelho, denominada tuberosidade tibial, a qual é a região que o tendão patelar se insere na tíbia, pode estar edemaciada e logo resultará em reações de dor pelo paciente.
Assim, isso levantará suspeita do diagnóstico de Osgood-Schlatter, sobretudo se ligado à prática esportiva frequente e melhora com repouso.
Alguns exames de imagem podem ser solicitados, para eliminar outras suspeitas diagnósticas.
No caso de exames de radiografia, não há alterações evidentes no início da lesão, mas exames radiográficos ajudam a eliminar outras suspeitas, como tumores na região, por exemplo.
Em lesões mais graves, é possível observar pequenas fraturas ou fragmentos deslocados de osso na região da patela e da tíbia.
Já outros exames de imagem, mais específicos, como é o caso da ressonância magnética, podem ser interessantes para tirar dúvidas em relação a outras patologias, mas têm utilização bastante limitada no caso da doença de Osgood-Schlatter, que tem diagnóstico eminentemente clínico.
De fato, a doença de Osgood-Schlatter costuma ter um quadro clínico bastante característico, sobretudo ligado à história da doença, sempre ligado à prática de esporte com o alívio dos sintomas dolorosos após repouso.
Com esses sintomas e a história da doença, o diagnóstico se fecha, de maneira clínica, com exames de imagem sendo solicitados, muitas vezes, apenas para eliminar outras doenças.
Tratamento de Osgood-Schlatter
Na maioria dos casos, o tratamento para Doença de Osgood-Schlatter é conservador.
Para o tratamento, a maioria dos casos tem resolução conservadora. Ou seja, não é necessária intervenção cirúrgica para resolução do caso.
Dessa forma, é recomendado a diminuição da carga de exercícios, bem como avaliação e acompanhamento fisioterapêutico e prescrição, pelo médico ortopedista, de analgésicos e anti-inflamatórios, para melhora da dor aguda.
É importante que a fisioterapia faça parte do plano de tratamento, para que a musculatura da coxa e do quadril seja mais bem trabalhada nesses pacientes. Afinal, uma musculatura forte, tanto na porção anterior quanto posterior da coxa, além do quadril, pode ajudar na melhora do quadro.
Em raros casos, o tratamento conservador não surte muito efeito, sendo necessário procedimento cirúrgico para remoção do fragmento ósseo na região. Os casos cirúrgicos são somente indicados para pacientes com pouca resposta ao tratamento conservador, que sempre é prioritariamente indicado para os pacientes com Osgood-Schlatter.
Agendar sua AvaliaçãoAtualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.