É bem provável que você já tenha ouvido falar de bursite no quadril. Essa inflamação é uma das principais causas de dor nas articulações e pode causar certa dificuldade de movimentos, que vai se agravando se o problema não for tratado. Neste texto listamos tudo sobre essa condição. Descubra o que é o problema, suas causas, sintomas e dicas de exercícios para bursite no quadril.
Bursite: o que é?
Agendar sua AvaliaçãoAntes de mostrar exercícios para bursite no quadril, vamos falar um pouco sobre o que é essa condição.
A bursite no quadril é uma inflamação nas bursas. O corpo humano possui uma série de amortecedores e estruturas especializadas em reduzir atritos. Assim como nos casos, essas “peças” diminuem os choques que os movimentos causam no organismo. Dessa forma, pode evitar o desgaste exagerado das estruturas, uma vez que os impactos são diminuídos. Outro amortecedor bastante comum e muito importante nos indivíduos são as bursas. Também chamadas de bolsas sinoviais, as bursas são uma espécie de bolsas que possuem no seu interior uma pequena quantidade de líquido sinovial. Elas estão em todas as articulações do corpo e normalmente ficam entre tendões, ossos e músculos, para facilitar o deslizamento entre essas estruturas e evitar atrito entre as mesmas.
A condição em que existe inflamação nessas bursas, recebe o nome de bursite. As bursites acontecem em articulações que realizam movimentos constantes e repetitivos. Por isso, elas são muito comuns nos ombros, cotovelos e no quadril. No entanto, a inflamação também pode se desenvolver no dedão do pé, calcanhares, joelhos e qualquer das outras regiões com movimentos recorrentes.
Agendar sua AvaliaçãoUma bursite pode ser aguda, que inflama de uma vez só e causa sintomas acentuados; ou crônica, em que a inflamação se desenvolve e persiste por mais de seis meses. Isso, claro, se não for tratada corretamente logo de início.
É preciso destacar que, apesar de apresentarem sinais e sintomas semelhantes, bursite e tendinite são condições completamente diferentes. O primeiro problema acontece na bolsa sinovial, enquanto a tendinite é a inflamação dos tendões. Os tendões são as estruturas que ligam os músculos aos ossos. Por isso é fundamental que o indivíduo realize diagnóstico adequado antes de qualquer terapia.
O quadril
Como citado anteriormente, a bursite acontece nas articulações que realizam movimentos repetitivos. Quanto mais intensos os movimentos, maior o risco de desenvolvimento do problema. Por isso, o quadril é uma estrutura que frequentemente sofre com essa condição .
A articulação do quadril é formada principalmente pelo osso do fêmur e e a cavidade acetabular, estrutura que faz parte da pelve. São essas que se atritam na maior parte do tempo, de modo a garantir a movimentação da parte inferior do corpo.
Movimentação esta que é bastante diversa: o quadril realiza o movimento de extensão; flexão; abdução; adução; rotação e até circundação.
Para a diminuição do impacto entre as estruturas que compõe essa articulação, existem cartilagens, lábrumg acetabular e as bursas. As cartilagens também podem causar problemas, se desgastando ao longo do tempo. Caso isso ocorra, pode surgir a condição conhecida como artrose.
Se bursite e artrose se associarem, o problema será muito maior. Dessa forma, é muito importante que a dor constante seja verificada por um profissional especializado, o quanto antes. E depois tratada, inclusive com exercícios para a bursite no quadril, que listaremos logo mais. Continue acompanhando!
Bursite no quadril
A bursite no quadril inflama e causa dores na região. Quando se instala no quadril, essa condição é normalmente chamada de bursite trocantérica. Isso porque a área em que a principal bursa do quadril fica localizada é entre o trocanter maior do fêmur, a banda lio-tibial e o tendão do músculo glúteo médio. Logo, ela é a mais afetada. Como o trocaste maior está na região mais superior e lateral do fêmur, o local do corpo em que o indivíduo apresenta dor é a região lateral do quadril.
A bursite no quadril é a segunda causa mais comum da dor na região. Fica atrás apenas da artrite, que é gerada pelo desgaste das cartilagens que protegem os ossos. Quando se inflamam as bursas incham, por haver uma secreção excessiva de líquido sinovial. O resultado é percebido especialmente pela dor e inchaço na região afetada.
Em casos crônicos e que não são tratados, a bursite pode resultar ainda no depósito de cristas de cálcio na área. Isso, por sua, vez, pode provocar a modificação do pH local, ocasionando a chamada bursite trocantérica calcificada de quadril.
Dentre todos os indivíduos, os mais afetados pela bursite no quadril são os atletas. Mais que isso, os atletas que realizam atividades sem o devido acompanhamento médico e de um educador físico. Afinal de contas, quando os movimentos físicos são realizados em excesso, com alta intensidade ou de forma incorreta, acabam por gerar lesões.
Isso não significa, porém, que os indivíduos sedentários não desenvolvem a condição. A movimentação, mesmo diária, tem seus efeitos lesivos sobre o corpo, em situações em que o indivíduo apresenta fraqueza ou desequilíbrio muscular.
Causas da Bursite
As causas da bursite no quadril são as mais diversas. Traumas físicos na região, como o causado por uma queda sobre a região, por exemplo, podem iniciar a inflamação. A falta de força e equilíbrio muscular também pode aumentar o estresse sobre a área, levando à inflamação da bursa. Assim como desalinhamento das pernas, como o gerado pelo joelho valgo.
A obesidade é outra condição perigosa. Afinal, quando o indivíduos apresenta sobrepeso, o quadril tem que suportar carga maior para o que foi preparado durante o desenvolvimento dos ossos. Assim, a sobrecarga sobre as estruturas locais aumenta.
Como já citado, de qualquer forma, o esforço provocado por atividades repetitivas é uma razão bastante comum para o desenvolvimento dessa condição. Esforço esse que pode ser gerado tanto pelos movimento comuns do dia a dia, como por atividades físicas e desportivas.
O aumento repentino da carga de treino de qualquer esporte é igualmente perigoso, e por isso deve ser feito gradualmente. Correr cinco minutos a mais hoje, dez na semana que vem; aumentar o peso da musculação aos poucos, e assim por diante.
Por fim, alguns fatores de risco estão comumente associados a essa doença, como por exemplo: doenças na coluna lombar doença na articulação sacroilíaca, entorse de tornozelo, artrite reumatóide, artrose de joelho, cirurgias anteriores no quadril, dentre outros. A justificativa é que essas doenças podem afetar o padrão e marcha e consequentemente sobrecarregar os tendões e bursas da região lateral do quadril.
Sintomas da bursite trocantérica
O principal sintoma da bursite trocantérica é a dor na lateral do quadril. Ela é percebida tanto em momentos de repouso, quanto de movimentação, e se inicia lentamente. Em repouso, o sinal é mais incômodo quando o indivíduo deita sobre o lado afetado. Com o tempo, a dor vai se tornando mais intensa e frequente, indicando a necessidade de intervenção médica.
Essas queixas inicialmente não são incapacitantes, mas com o passar do tempo, o avanço da condição e a ausência de tratamento adequado, o indivíduo passa a apresentar dor mais intensa e espalhada, chegando a irradiar pela lateral da coxa. Apresenta piora noturna, podendo acordar inúmeras vezes a noite, por conta da dor lateral.
Passa também a apresentar dor após curtas caminhadas (alguns pacientes acabam mancando durante a marcha, na tentativa de poupar o membro com dor) ou a pequenos esforços como agachar e apoiar-se em uma perna só.
Quando não tratada, a bursite torna-se crônica e o comprometimento das estruturas passa a ficar mais grave e de difícil tratamento. É importante dizer que não é muito comum, mas a bursite trocantérica também pode acometer os quadris..
Diagnóstico da dor
A síndrome dolorosa trocantérica é uma condição de diagnóstico puramente clínico (feito durante avaliação física), porém, a detecção da inflamação dos tendões e bursas só é confirmada mediante exame de imagem.
Assim que procurar um especialista, então o paciente vai passar por uma série de etapas para o diagnóstico. A primeira delas é a conversa com o especialista, em que deverá informar seus sintoma, frequência e situações em que eles ocorrem.
Em seguida, é realizado o exame físico do paciente. Neste o fisioterapeuta tem como objetivo avaliar a sensibilidade na região do trocânter maior e realiza testes de força dos músculos relacionados com essa região, como os abdutores e rotadores laterais do quadril. Diante de uma lesão local, esses testes tendem a ser dolorosos pois, durante a execução dos mesmos, ocorre um tensionamento dos tendões e consequente compressão das bursas.
Em alguns casos, o movimento de alongamento dos tecidos da região lateral do quadril também provoca dor. Isso porque o alongamento dessas estruturas gera estiramento dos tendões e compressão das bursas já inflamadas. O RX do quadril não é um exame muito preciso nesse caso, então é útil apenas pra excluir lesões como fraturas ou calcificação local.
Radiografias da pelve e coluna lombar muitas vezes são solicitadas apenas para demonstrar associação com outras doenças relacionadas à coluna ou articulação sacroilíaca. Já exames como ressonância nuclear magnética (RNM) ou ultrassonografia podem complementar o diagnóstico, bem como descartar outras doenças e guiar o tratamento.
Vale lembrar que, em muitos casos, em exames como RNM são identificados sinais que sugerem lesões de estruturas do trocânter maior, mas a maioria desses pacientes nunca apresentou sintomas relacionas à síndrome trocantérica. Portanto, a abordagem do paciente sempre vem antes da abordagem do exame de imagem.
Como é o tratamento da Bursite com a Fisioterapia Conservadora?
O tratamento conversador por meio da fisioterapia é o mais indicado para bursites, já que o fisioterapeuta irá dispor de diversas técnicas para amenizar a inflamação como o laser. Aos poucos é possível introduzir terapia manual de desbloqueio das articulações de liberação miofascial e fortalecimento para que esses músculos não tenham que compensar em cima do seu tendão e tenham uma boa absorção. Seguindo um bom plano de tratamento com a fisioterapia e exercícios para bursite no quadril sob a supervisão de um especialista posteriormente é possível voltar a rotina diária de atividades.
Exercícios
Os exercícios para bursite no quadril são muito importantes para fortalecer a musculatura e ajudar na recuperação do paciente. É de suma importância que esses exercícios sejam acompanhados por um profissional de saúde especializado para que sejam executados da maneira correta e sem sobrecarga para o paciente.
Os tipos exercícios para bursite no quadril dependem da gravidade da condição. Confira abaixo alguns exemplos:
- Alongamento do tendão: Deite-se de costas com uma perna dobrada e uma perna reta. Puxe suavemente a perna dobrada em direção ao peito até sentir um estiramento na parte de trás da coxa. Segure por 30 segundos, depois solte. Repita três vezes de cada lado.
- Estiramento de flexor de quadril: Ajoelhe-se com um joelho e deixe o outro dobrado na sua frente. Mantenha suas costas retas, incline-se lentamente para frente até sentir um alongamento na frente do quadril. Segure por 30 segundos, depois solte. Repita três vezes de cada lado.
- Alongamento de glúteo: Sente-se com as pernas estendidas na sua frente. Cruze um tornozelo sobre o joelho oposto e incline-se lentamente para frente até sentir um alongamento em seus músculos glúteos (os músculos do bumbum). Espere por 30 segundos, depois solte. Repita três vezes de cada lado.
- Alongamento de Quadril: O último exercício para bursite no quadril é um alongamento de joelho. Fique de pé com os pés afastados. Dobre um joelho, agarre o tornozelo e puxe-o em direção ao glúteo até sentir um alongamento na parte dianteira da coxa. Segure por 30 segundos, depois solte. Repita três vezes de cada lado.
Atualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.