Neste artigo, você vai descobrir mais sobre a lesão do ligamento cruzado anterior, mas, primeiramente, vamos falar sobre o joelho.
Anatomicamente e funcionalmente, a articulação do joelho é considerada uma das mais complexas do organismo.
Agendar sua AvaliaçãoAo mesmo tempo em que o joelho precisa ter estabilidade suficiente para suportar a demanda do peso do corpo, essa articulação também necessita de um alto grau de flexibilidade e liberdade de movimento para absorver e transmitir as forças que passam por ela durante as atividades do dia a dia e esportivas.
Isso faz do joelho uma articulação extremamente suscetível a lesões, tanto durante a prática de atividades recreativas quanto em esportes de alto rendimento que envolvam movimentos de rotação ou deslocamento lateral, como futebol, basquete, esqui, tênis e lutas em geral.
Neste contexto, as lesões ligamentares são muito frequentes, sendo um dos mais afetados o Ligamento Cruzado Anterior (LCA).
Agendar sua AvaliaçãoEntre os principais mecanismos de lesões, destacam-se os traumas que envolvem movimentos rotacionais do joelho, popularmente conhecidos como entorses.
Diante da ruptura completa desse ligamento, a estabilidade da articulação fica comprometida; estruturas como tendões, meniscos, cartilagem e outros ligamentos sofrem sobrecarga, e o joelho entra em um processo precoce de desgaste.
Anatomia e função do ligamento cruzado anterior
O joelho é formado por estruturas ósseas e tecidos moles que, em conjunto, trabalham para garantir a estabilidade e flexibilidade mencionadas anteriormente.
Entre as estruturas ósseas, encontram-se a porção final do osso da coxa (fêmur), a porção inicial do osso da perna (tíbia) e a patela (rótula).
Interligando e acoplando essas estruturas ósseas estão os tecidos moles, dos quais se destacam estruturas como os músculos da região da frente e de trás da coxa, alguns tendões, os meniscos e, em especial, quatro ligamentos: Ligamento Cruzado Anterior, Ligamento Cruzado Posterior, Ligamento Colateral Lateral e Ligamento Colateral Medial. Vale lembrar que os ligamentos são estruturas passivas (não têm capacidade de gerar contração), porém desempenham papel importantíssimo na estabilização do joelho.
O ligamento cruzado anterior está localizado no interior da articulação do joelho e liga o osso da coxa (fêmur) ao osso da perna (tíbia).
Semelhante a uma “corda” (com comprimento médio que varia de 25 a 41 mm), o LCA é um tecido fibroso, ou seja, uma estrutura constituída por fibras de colágeno que, juntas, formam dois grandes feixes ou bandas, as quais apresentam funções distintas: a banda ântero-medial (menor), que atua nas flexões do joelho acima de 60 graus e é responsável por “segurar” a tíbia, evitando que ela seja deslocada para frente em relação ao fêmur, e a banda póstero-lateral (maior), que atua na estabilidade desde a extensão total até graus intermediários de flexão (de 45 a 60 graus) e é responsável por evitar movimentos rotacionais excessivos do joelho.
Juntamente com o ligamento cruzado posterior, o LCA controla os movimentos do joelho e é responsável por transmitir informações sensoriais que partem do centro da articulação e vão para o cérebro.
Isso permite que a pessoa tenha a sensação do movimento que está acontecendo e possa ter melhor coordenação motora.
O que é a lesão do LCA?
A lesão do LCA é o estiramento ou ruptura das fibras do ligamento cruzado anterior.
A lesão pode ocorrer de forma completa (também conhecida como lesão total e ocorre em cerca de 95% dos casos), na qual as duas bandas do LCA são rompidas, ou de forma parcial, na qual uma das bandas é rompida e a outra continua íntegra.
Os dois tipos de lesão causam prejuízo ao joelho, mas em uma ruptura parcial, o ligamento pode ter chances de cicatrizar; porém, diante de uma lesão total, o ligamento não cicatriza, e o joelho fica exposto a um alto grau de instabilidade.
É comum que durante o momento do trauma, outras estruturas sejam lesionadas juntamente com o LCA. Essas são chamadas lesões associadas, e as estruturas mais acometidas são: o menisco medial (o menisco da região interna do joelho), o ligamento colateral medial e a cartilagem articular.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas de uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) podem variar em intensidade, dependendo da gravidade da lesão.
Alguns dos sinais e sintomas comuns incluem:
Estalido no joelho
Um som de estalo ou estalido pode ser ouvido no momento da lesão, indicando uma possível ruptura do LCA. Nem todos os pacientes experimentam esse som.
Dor aguda
Dor intensa no joelho é frequentemente relatada no momento da lesão.
A intensidade da dor pode variar, mas é geralmente aguda e imediata.
Inchaço (edema)
O inchaço ao redor do joelho é um sintoma comum e pode se desenvolver algumas horas após a lesão. Isso ocorre devido ao acúmulo de fluido na articulação.
Instabilidade ou sensação de falseio
Uma sensação de instabilidade no joelho, muitas vezes descrita como se o joelho “fosse para fora do lugar” ou “desse um jeito”, é um sintoma característico.
Isso pode dificultar a capacidade de suportar peso ou se movimentar normalmente.
Redução da amplitude de movimento
Após a lesão, o paciente pode ter dificuldade em dobrar completamente o joelho.
A amplitude de movimento pode ser reduzida devido à dor e à resposta inflamatória.
Desconforto ao caminhar
Caminhar pode se tornar desconfortável e difícil, especialmente nos primeiros dias após a lesão.
A dor e a instabilidade podem contribuir para essa dificuldade.
Sensibilidade ao longo da linha da articulação
O paciente pode experimentar sensibilidade ao toque ao longo da linha da articulação do joelho, indicando a área afetada.
Dificuldade em realizar atividades físicas
Pessoas com lesões no LCA muitas vezes têm dificuldade em realizar atividades físicas que envolvem movimentos de rotação, mudanças de direção e saltos.
Causas da lesão do ligamento cruzado anterior
A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) ocorre frequentemente devido a movimentos bruscos, traumas e atividades que colocam estresse excessivo no joelho.
Algumas das principais causas da lesão do LCA incluem:
Trauma esportivo
Mudança de Direção Súbita: Lesões do LCA são comuns em esportes que envolvem mudanças de direção rápidas, como futebol, basquete e tênis. Um movimento rápido de torção do joelho pode causar a lesão.
Parada Repentina: Parar abruptamente durante uma corrida ou outro movimento pode colocar estresse excessivo no LCA.
Atividades do dia a dia
Acidentes e Quedas: Lesões do LCA também podem ocorrer em situações cotidianas, como quedas ou acidentes, especialmente quando o joelho está sob tensão.
Hiperextensão do joelho
Esticamento Excessivo: Uma hiperextensão súbita do joelho, como ao tentar impedir uma queda, pode estirar demais o LCA, levando à lesão.
Genética e anatomia
Fatores Anatomofisiológicos: Algumas pessoas podem ter uma anatomia específica do joelho que as torna mais suscetíveis a lesões do LCA. Fatores genéticos também podem desempenhar um papel na predisposição a lesões ligamentares.
Diferenças de gênero
Incidentes em Mulheres: Estudos sugerem que mulheres têm uma incidência maior de lesões do LCA em comparação com homens. Fatores biomecânicos, hormonais e musculares podem contribuir para essa diferença.
Lesões associadas
Traumas Combinados: Lesões do LCA muitas vezes ocorrem em conjunto com lesões de outras estruturas do joelho, como meniscos, cartilagem articular e ligamentos colaterais.
Fadiga muscular e controle motor inadequado
Fatores Neuromusculares: A fadiga muscular e o controle motor inadequado podem levar a movimentos descontrolados do joelho, aumentando o risco de lesões do LCA.
Idade e nível de atividade
Atividade Física Intensa: Pessoas envolvidas em atividades físicas intensas, especialmente aquelas que exigem movimentos explosivos e de mudança de direção, podem estar mais suscetíveis.
Diagnóstico e exames complementares
O diagnóstico de uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) geralmente envolve uma abordagem abrangente, combinando avaliação clínica, histórico do paciente e, em alguns casos, exames de imagem.
Avaliação clínica
Um especialista realiza uma avaliação clínica detalhada do joelho afetado com uma análise da história da lesão, sintomas relatados pelo paciente e um exame físico cuidadoso.
Testes específicos
Ele realiza testes específicos, como o teste de gaveta anterior e o teste de Lachman, que visam avaliar a estabilidade do joelho e identificar possíveis lesões ligamentares, incluindo a do LCA.
Comparação com o joelho contralateral
Comparações com o joelho contralateral, que não sofreu lesão, são frequentemente realizadas para identificar diferenças na amplitude de movimento, estabilidade e sensibilidade.
Exames de imagem
Ressonância Magnética (RNM)
A ressonância magnética é frequentemente solicitada para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da lesão.
A RNM oferece imagens detalhadas das estruturas do joelho, incluindo os ligamentos.
Radiografias
Embora não sejam eficazes na visualização direta dos ligamentos, radiografias podem ser realizadas para descartar fraturas e avaliar a anatomia geral do joelho.
Exclusão de lesões associadas
Além do LCA, o especialista verifica a presença de lesões associadas, como danos ao menisco, cartilagem articular e outros ligamentos (colaterais).
Avaliação da gravidade
Com base nos resultados da avaliação clínica e dos exames de imagem, o profissional determina a gravidade da lesão. Isso é fundamental para orientar o plano de tratamento.
Tratamento conservador ou cirúrgico para lesão no ligamento cruzado anterior?
A decisão entre tratamento conservador e cirúrgico para uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) depende de vários fatores, incluindo a gravidade da lesão, o estilo de vida do paciente, as atividades que realiza e suas metas de recuperação.
Ambas as abordagens têm vantagens e desvantagens, e a escolha deve ser feita em conjunto entre o paciente e o profissional de saúde.
Tratamento conservador
Indicações
- Lesões do LCA de baixa gravidade;
- Pacientes mais idosos ou menos ativos;
- Ausência de instabilidade significativa no joelho;
- Pacientes que desejam evitar a cirurgia.
Componentes do tratamento:
- Fisioterapia: Programa de reabilitação focado no fortalecimento muscular, equilíbrio e estabilidade;
- Modificação de atividades: Evitar atividades que coloquem grande estresse no joelho, especialmente aquelas que envolvem movimentos bruscos e de alta demanda;
- Possíveis limitações: Pode haver uma maior chance de instabilidade residual no joelho, especialmente durante atividades esportivas que envolvem mudanças de direção e rotação.
Cirurgia de reconstrução do LCA
Indicações
- Lesões do LCA graves;
- Pacientes jovens e ativos;
- Presença de instabilidade significativa no joelho;
- Desejo de retornar a atividades esportivas de alto impacto.
Componentes do tratamento
- Cirurgia: Reconstrução do LCA usando enxertos autólogos (do próprio paciente) ou aloenxertos (de doadores cadáveres);
- Fisioterapia Pós Cirúrgica: Programa intensivo de reabilitação para restaurar força, mobilidade e estabilidade no joelho;
- Possíveis Limitações: Recuperação pós-cirúrgica pode ser mais demorada
Fatores individuais a serem considerados
Estilo de vida
As atividades que o paciente deseja realizar no futuro podem influenciar a decisão.
Metas de recuperação
Se o paciente tem o objetivo de retornar a esportes de alto impacto, a cirurgia pode ser mais indicada.
Comprometimento com a reabilitação
O sucesso do tratamento conservador depende da aderência do paciente ao programa de reabilitação.
Condições associadas
A presença de lesões adicionais, como danos ao menisco, também pode influenciar a decisão.
O tratamento que vai devolver a saúde dos seus membros inferiores
A proposta do Instituto TRATA está fundamentada no conceito de inovação, no que se refere ao tratamento de membros inferiores (quadril, joelho e pé).
A garantia de resultados eficazes reflete os procedimentos adotados pela equipe:
Avaliação clínica detalhada
O paciente é submetido a uma avaliação clínica detalhada, feita por um especialista da equipe.
É esse primeiro passo que viabiliza um direcionamento específico ao tratamento, de acordo com o quadro particular de cada paciente.
Avaliação cinemática dos movimentos do corpo
A seguir, o paciente é levado a uma avaliação cinemática dos movimentos do corpo. A finalidade é analisar como os ossos e os músculos estão organizados na reação à gravidade e às forças atuantes no corpo humano. Para isso, utilizamos um software exclusivo de análise de movimento chamado TrataScan, cuja tecnologia avançada permite detectar quaisquer alterações na força ou funcionalidade das estruturas que acabam levando a um quadro inflamatório ou doloroso, por exemplo.
Assimetrias, padrões motores, lesões associadas, existência de compensações e quais estruturas devem ser trabalhadas são alguns pontos que podem ser avaliados durante essa etapa.
Protocolo de tratamento das lesões dos membros inferiores
O último passo consiste na aplicação do protocolo de tratamento das lesões dos membros inferiores, formulado pela rede e baseado em evidências científicas.
O foco se concentra no alinhamento biomecânico dos membros inferiores com o objetivo final de melhora do quadro do paciente (sem recidivas) e, por conseguinte, de uma maior qualidade de vida.
Nenhum atendimento é padrão. Avaliamos as necessidades específicas de cada paciente e montamos a abordagem de tratamento mais assertiva para cada quadro.
A tecnologia faz parte do nosso programa de tratamento com o objetivo de oferecer aos pacientes o que há de mais avançado no tratamento conservador de Fisioterapia.
Agendar sua AvaliaçãoAtualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.