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A tendinite patelar é uma das causas mais frequentes de dor no joelho e é essencialmente caracterizada por um processo inflamatório que afeta o tendão patelar, resultando em lesões nas fibras e no espessamento dessa estrutura.
Os tendões são estruturas fibrosas de tecido conjuntivo, espessas, ligeiramente flexíveis e de coloração esbranquiçada, que fazem parte de diversos músculos do corpo humano, inclusive os do joelho. Eles assemelham-se a cordas e, de forma simples, têm como principal função ligar os músculos a estruturas ósseas.
Dessa maneira, os tendões auxiliam no equilíbrio corporal e na geração de movimentos, uma vez que transmitem a força dos músculos para os ossos. É importante lembrar que os tendões recebem pouca irrigação sanguínea, o que torna o processo de recuperação de uma lesão lento e demorado.
Em situações de sobrecarga no joelho, uma vez que os tendões não possuem a rigidez dos ossos nem a elasticidade dos músculos, tornam-se mais suscetíveis a lesões. Assim, uma das condições que pode se desenvolver devido a hábitos da população, como o excesso de atividade física ou a retomada intensa de exercícios após um longo período de sedentarismo, é a tendinite patelar.
Agendar sua AvaliaçãoAfinal, o que é tendinopatia do joelho ou tendinite do joelho?
Tendinopatia é um termo mais amplo, usado para se referir a doenças nos tendões (estruturas fibrosas que se encontram entre os músculos e os ossos). Por outro lado, tendinite é um termo mais específico, que descreve um processo inflamatório (geralmente agudo) presente nos tendões.
Essa é uma das doenças mais frequentes no joelho, e apesar de parecer inofensiva, as tendinites podem causar incapacidade considerável, especialmente em indivíduos que praticam esportes ou atividades físicas regularmente. Tanto homens quanto mulheres tendem a ser afetados igualmente, e entre os esportes em que as tendinites são mais comuns, estão aqueles que envolvem saltos.
Dentre os principais tendões afetados na região do joelho, podemos citar o tendão patelar (localizado abaixo da patela), o tendão do músculo quadríceps (localizado acima da patela), o tendão do trato iliotibial (na lateral externa do joelho) e os tendões dos músculos da pata de ganso (na face interna do joelho).
A tendinite patelar é frequente prática esportiva como basquete, vôlei, futebol e atletismo, mas também pode ocorrer em indivíduos que praticam atividades físicas menos intensas ou até mesmo naqueles que são sedentários e foram submetidos a situações de sobrecarga física eventualmente.
Uma das tendinites mais comuns é a do tendão patelar, também conhecida como “joelho do saltador”, devido à sua associação com a prática excessiva de esportes que envolvem saltos.
Quais são as causas da tendinite do joelho?
Acredita-se que entre as causas mais comuns do desenvolvimento da tendinite patelar ou “joelho do saltador” esteja o esforço repetitivo ou sobrecarga sobre os tendões. Por esse motivo, os atletas costumam ser os mais afetados, devido ao uso excessivo dos tendões do joelho para atividades como saltar e correr.
Entretanto, a tendinite patelar pode ocorrer em outros pacientes, como os idosos, devido ao desgaste progressivo das articulações. Muitas vezes, os pacientes apresentam alterações no alinhamento dos membros inferiores, o que pode agravar essa sobrecarga.
De forma geral, as trações geradas pelos músculos são transmitidas para o osso por meio dos tendões, permitindo a execução de movimentos simples como andar, até os mais complexos, como correr e saltar.
Na presença de fraqueza muscular ou sobrecarga desses tecidos, os tendões passam a receber e absorver mais carga do que foram projetados para suportar. Com o tempo, ocorrem microlesões em suas estruturas, resultando em um processo inflamatório local. Quando os tendões estão lesionados e inflamados, a capacidade de contrair o músculo é prejudicada, levando a movimentos dolorosos e dificultosos nos casos mais graves.
Frequentemente, os pacientes apresentam alterações nos movimentos dos membros inferiores (nas pernas) durante as atividades do dia a dia ou mesmo durante a prática esportiva. Isso também pode gerar sobrecarga nos tendões, resultando em dor no joelho. Essas alterações costumam estar associadas à dor na frente ou na região interna do joelho. Quando essas alterações estão presentes, é importante que o paciente seja treinado para controlar esses movimentos excessivos.
Alguns fatores relacionados aos indivíduos podem contribuir para o desenvolvimento da tendinite patelar, como o excesso de peso corporal, deformidades no joelho e diferenças no comprimento dos membros.
Quanto aos fatores relacionados ao treino, destacam-se a falta de preparo físico para o esporte ou atividade praticada, técnica inadequada e aumento repentino da intensidade e frequência do treino. É importante lembrar que todos esses fatores, de certa forma, contribuem para a sobrecarga nos tendões e, consequentemente, para sua inflamação.
A tendinite do joelho pode ser dividida em três fases:
Primeira:
Caracterizada pela presença de desconforto logo após a realização de alguma atividade, nesse estágio o indivíduo consegue completar o seu treino. Apesar do desconforto, ainda não há alterações anatômicas significativas no tendão patelar. Em muitos casos, essa fase é negligenciada, uma vez que o paciente interpreta a sensação como mera fadiga. Contudo, esse episódio de dor pode evoluir para um risco futuro. Normalmente, a dor diminui após o término da atividade.
Segunda:
O indivíduo já sente dor no joelho, geralmente localizada em um ponto específico (dependendo do tendão afetado), no início da atividade. Pode ou não haver inchaço no local ao final do treino. Nesse estágio, a dor não desaparece imediatamente após o término do exercício, mas ainda não é intensa o suficiente para incapacitar a maioria das pessoas.
Terceira:
Este estágio corresponde a um quadro mais crônico, onde as fibras do tendão patelar sofrem alterações e o processo inflamatório na região não foi resolvido. Nesse caso, a dor no joelho surge até mesmo em atividades leves, como subir escadas, sair do carro ou agachar. Normalmente, o indivíduo passa a não conseguir mais praticar atividades esportivas como antes. Dependendo do caso, o paciente deverá se abster da prática esportiva ou reduzir consideravelmente os níveis de treino para aliviar a sobrecarga no joelho e tratar a lesão.
Quais são os principais sinais e sintomas da tendinite do joelho?
A dor é destacada como o principal sintoma da tendinite patelar, e a região dolorosa varia de acordo com o tendão afetado.
Dor na região frontal do joelho:
Normalmente, dores na parte frontal do joelho podem indicar inflamação no tendão quadricipital (imediatamente acima da patela) ou no tendão patelar (imediatamente abaixo da patela). Essa dor é bastante comum durante atividades como saltos e está mais relacionada à fase de aterrissagem.
Dor na região lateral do joelho:
A dor nessa região pode indicar inflamação do trato iliotibial (tecido fibroso que cobre toda a lateral da coxa e se fixa na lateral do joelho) ou do tendão do bíceps femoral (músculo localizado na região lateral e ligeiramente na parte de trás do joelho).
Dor na região interna do joelho:
Comumente, essa dor pode estar relacionada à inflamação nos tendões da pata de ganso (três músculos localizados na coxa, mas que se inserem na parte interna do joelho).
Além da dor, é comum a presença de hipersensibilidade no tendão, inchaço das bursas (pequenas bolsas localizadas entre os tendões e os ossos para evitar atrito) e dificuldade para executar movimentos com o joelho, especialmente aqueles que envolvem os músculos e tendões afetados. É frequente notar uma piora dos sintomas durante movimentos que demandam mais força ou com o aumento da intensidade das atividades.
Como funciona o diagnóstico da tendinite patelar e exames dessa condição? Precisa fazer exames de imagem ou ressonância magnética?
O diagnóstico da tendinite patelar é realizado por meio de uma avaliação presencial e exame físico, com o objetivo de compreender o histórico do paciente, identificar o local da dor, avaliar o nível de força, detectar possíveis desequilíbrios musculares e medir a sensibilidade do tendão.
É possível, ainda, que o profissional solicite que o paciente realize testes funcionais, como corrida, salto ou agachamento, para avaliar a presença de dor e a qualidade dos movimentos dos membros inferiores durante a execução das atividades.
O especialista pode ainda solicitar exames de imagem, como uma ressonância magnética, para confirmar o diagnóstico.
Dicas para evitar ou aliviar a dor da tendinite do joelho
- Aplicar gelo na área dolorida por 20 minutos imediatamente após a atividade e algumas vezes ao longo do dia.
- Em caso de dor no tendão patelar (dor abaixo da patela), utilizar uma tira infrapatelar durante os exercícios ou prática esportiva para estabilizar o tendão patelar.
- Realizar automassagem na região lateral da coxa com um rolo, em situações de dor na lateral do joelho.
- Ter cuidado ao aumentar a intensidade do treinamento.
- Fortalecer ou reequilibrar a musculatura do joelho e quadril por meio de exercícios específicos.
- Assegurar intervalos adequados de descanso entre os treinos.
- Manter um equilíbrio entre um sono de qualidade e uma alimentação saudável.
Como funciona o tratamento da tendinite patelar com o especialista?
Com o diagnóstico confirmado com o exame físico e a ressonância magnética o especialista pode iniciar um programa de tratamento personalizado.
De forma geral, o tratamento da tendinite patelar visa reduzir a dor, controlar a inflamação e restaurar a função muscular e a biomecânica do membro inferior. As sessões de fisioterapia desempenham um papel crucial no tratamento da tendinite patelar, atuando na causa do problema, não apenas nos sintomas.
Durante a fase aguda ou no início do tratamento da tendinite patelar, é comum que o fisioterapeuta recomende uma redução na carga das atividades esportivas. Na maioria das vezes, não é necessário suspender completamente os treinos, mas os intervalos entre eles podem ser ampliados e o volume e a intensidade das atividades diminuídos. Essa abordagem visa evitar sobrecarga enquanto o tratamento trabalha para reduzir a dor e outros sintomas.
É importante mencionar que, em casos mais graves e de maior comprometimento do joelho, o atleta ou o indivíduo que pratica atividades recreativas pode ser orientado a interromper temporariamente suas atividades esportivas, focando em manter o treino cardiorrespiratório em exercícios de menor impacto muscular.
É fundamental entender que, em muitos casos, o alongamento do tendão afetado na fase inicial pode ser prejudicial ao tratamento. O alongamento não diminui a inflamação nem promove aumento de força, que são os dois principais objetivos na reabilitação de tendinopatias. Além disso, durante o alongamento, ocorre o estiramento das fibras do tendão, que já estão danificadas pelo processo inflamatório, podendo agravar a lesão tecidual.
Adicionalmente, é recomendado iniciar sessões de fisioterapia focadas no fortalecimento muscular do quadril e, principalmente, do joelho o mais cedo possível. Isso visa restaurar a capacidade dos músculos de absorver cargas, aliviando a sobrecarga nos tendões e contribuindo para a redução da inflamação e progressão das lesões. É de extrema importância o fortalecimento muscular de tendões inflamados, porém de forma gradual e sob supervisão.
Também se sabe que exercícios excêntricos desempenham um papel relevante na redução da dor e na prevenção de lesões futuras no mesmo tendão patelar.
Lembre-se: o acompanhamento profissional é essencial para o tratamento da tendinite patelar. Através do acompanhamento é possível confirmar o diagnóstico através dos exames físicos e de imagens (como a ressonância magnética).
O paciente nunca deve se automedicar de anti inflamatórios, por exemplo, e só deve se medicar sob orientação do ortopedista especialista em joelho.
O tratamento que vai devolver a saúde dos seus membros inferiores
A proposta do Instituto TRATA está fundamentada no conceito de inovação, no que se refere ao tratamento de membros inferiores (quadril, joelho e pé). A garantia de resultados eficazes reflete os procedimentos adotados pela equipe:
– O paciente é submetido a uma avaliação clínica detalhada, feita por um especialista da equipe. É esse primeiro passo que viabiliza um direcionamento específico ao tratamento, de acordo com o quadro particular de cada paciente.
– A seguir, o paciente é levado a uma avaliação cinemática dos movimentos do corpo. A finalidade é analisar como os ossos e os músculos estão organizados na reação à gravidade e às forças atuantes no corpo humano. Para isso, utilizamos um software exclusivo de análise de movimento chamado TrataScan, cuja tecnologia avançada permite detectar quaisquer alterações na força ou funcionalidade das estruturas que acabam levando a um quadro inflamatório ou doloroso, por exemplo. Assimetrias, padrões motores, lesões associadas, existência de compensações e quais estruturas devem ser trabalhadas são alguns pontos que podem ser avaliados durante essa etapa.
– O último passo consiste na aplicação do protocolo de tratamento das lesões dos membros inferiores, formulado pela rede e baseado em evidências científicas. O foco se concentra no alinhamento biomecânico dos membros inferiores com o objetivo final de melhora do quadro do paciente (sem recidivas) e, por conseguinte, de uma maior qualidade de vida.
Nenhum atendimento é padrão. Avaliamos as necessidades específicas de cada paciente e montamos a abordagem de tratamento mais assertiva para cada quadro. A tecnologia faz parte do nosso programa de tratamento com o objetivo de oferecer aos pacientes o que há de mais avançado no tratamento conservador de Fisioterapia.
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Atualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.