O trocânter maior é o ponto mais proeminente do osso do fêmur e está associado a uma condição de dor chamada bursite trocantérica, mais comum em mulheres, mas também está associado a um tipo de fratura comum em ortopedia, a fratura transtrocantérica.
O Que É Bursite Trocantérica?

A bursite trocantérica, também é chamada de síndrome dolorosa do trocânter maior ou trocanterite nada mais é do que a inflamação na região do trocânter maior, que se apresenta como dor na região lateral da coxa, podendo irradiar para os glúteos e até para o joelho.
Agendar sua AvaliaçãoPara entender sobre esta patologia, inicialmente devemos conhecer um pouco da anatomia da região e o papel das bursas.
A bursa é uma estrutura gelatinosa, como se fosse um saco cheio de fluído, encontrada em diversas articulações do nosso organismo, como ombros, cotovelos e na região do trocânter maior. E sua principal função é servir de almofada para reduzir a fricção entre os músculos e estruturas ósseas durante as contrações musculares.
Quando há inflamação na bursa localizada no trocânter maior, temos o quadro conhecido como bursite trocantérica.
Agendar sua AvaliaçãoComo É o Diagnóstico de Bursite Trocantérica?

Geralmente, alguns exames de imagem como radiografia, ultrassonografia e ressonância magnética podem complementar a avaliação e são solicitados para eliminar outras possíveis alterações como tendinopatias ou lesões nos tendões dos músculos glúteo médio ou mínimo, mas o diagnóstico de bursite trocantérica é primordialmente clínico, ou seja, as características e a histórica clínica da dor já indicam o diagnóstico preciso da condição.
A dor desta patologia se apresenta como pontada ou queimação e de acordo com a Sociedade Brasileira do Quadril, este sintoma está localizado na região lateral do quadril e é reprodutível ao toque/palpação.
Os sintomas da bursite trocantérica estão relacionados a piora da dor ao deitar sobre o quadril acometido, levantar de uma cadeira mais baixa ou sair do carro, corridas principalmente em subidas e descidas, assim como subir ou descer escadas, dentre outras atividades.
Tratamento da bursite trocantérica

O tratamento inicial da bursite trocantérica é baseado em reduzir a sobrecarga que possa estar causando tais sintomas e medidas anti-inflamatórias como aplicação de gelo, recursos eletroterapêuticos da fisioterapia, uso de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides via oral e de injeções/infiltrações de corticoides local.
A fisioterapia é bastante indicada para promover o reforço muscular do quadril visando promover maior capacidade para as estruturas suportarem a demanda, bem como buscar o reequilíbrio funcional e muscular, tanto do quadril como da coluna.
Mudanças de hábito também são necessárias. Portanto, se o paciente exerce uma atividade que está causando a dor na região do trocânter maior, é necessário reduzir o volume desta atividade enquanto durar o tratamento.
Em corredores, por exemplo, além de sessões de fortalecimento muscular, é fundamental a avaliação e alteração da biomecânica da corrida, justamente para que não haja sobrecarga articular durante a corrida.
O tratamento cirúrgico é raramente indicado, pois o tratamento conservador traz excelentes resultados, com remissão completa do quadro de dor.
Fatores Causais de Dor no Trocânter Maior
Não se sabe exatamente porque algumas pessoas desenvolvem dor na região do trocânter, como a bursite trocantérica.
Mas, acredita-se que alguns fatores podem estar associados a este quadro doloroso:
- Trauma na região, por exemplo, em quedas ou por algum objeto;
- Pressão prolongada na região do trocânter maior;
- Sobrecarga mecânica, por exemplo, devido ao trabalho ou atividade física excessiva;
- Doenças como artrite reumatoide, gota, psoríase, fibromialgia ou outros processos infecciosos;
- Cirurgias prévias no quadril ou na coluna, que podem alterar a mecânica do quadril e aumentar a possibilidade de compensações na região do trocânter maior;
- Quadril largo (característica presente predominantemente em mulheres).
Fraturas No Trocânter Maior – Fraturas Transtrocantéricas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, as fraturas transtrocantéricas atingem, em sua grande maioria, idosos e dependentes.
O diagnóstico é relativamente simples, facilmente identificado através de exames radiográficos e estas fraturas contam com o encurtamento e rotação externa extrema do membro fraturado.
O tratamento depende da classificação da fratura, podendo ser:
- Fraturas estáveis;
- Fraturas instáveis;
- Fraturas de traço invertido, que também são instáveis, mas requerem técnicas cirúrgicas diferentes para tratamento.
Prevenção de Lesões no Trocânter Maior
Em relação à bursite trocantérica, algumas ações podem ajudar a evitar o desenvolvimento desse tipo de lesão:
- Fazer aquecimento adequado da musculatura da coxa e quadril antes e depois da prática de exercícios;
- Em caso de ciclistas, ajustar o banco adequadamente. Bancos altos resultam em maior sobrecarga na região do trocânter maior;
- Sempre que possível, não permanecer na mesma posição, deitado sobre a mesma musculatura durante muito tempo;
- Em caso de assimetrias entre as duas pernas, buscar calçado apropriado ou palmilhas que corrijam esta assimetria;
- Sempre fazer exercícios que resultem no fortalecimento e no equilíbrio muscular do quadril.
Conclusão
A trocanterite/bursite trocantérica apesar de ser limitante em muitos casos e incomodar até mesmo a pequenos esforços, apresenta excelentes resultados com o tratamento conservador adequado, principalmente se a fisioterapia for iniciada de forma precoce e logo após o início dos sintomas.
Agendar sua AvaliaçãoAtualmente é diretor-clínico do Instituto TRATA – Joelho e Quadril.
Graduado em Fisioterapia no ano de 2001 e Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia neuro-musculo-esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP (2003)
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (2006)
Doutor em Ciências pelo programa de Cirurgia e Experimentação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Pós-doutorado (post doc) em Biomecânica pela University of Southern California – USC (2013)
Docente da graduação do Centro Universitário São Camilo – CUSC e Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino
Foi Professor Adjunto da pós-graduação em Fisioterapia musculo-esquelética – ISCMSP e Supervisor do Grupo de Joelho, Quadril, Traumatologia Esportiva e Ortopedia Pediátrica – ISCMSP
Vencedor dos prêmios EXCELLENCE IN RESEARCH AWARD pelo melhor artigo publicado no ano de 2010 e EXCELLENCE IN CLINICAL INQUIRY no ano de 2011 no Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy (JOSPT).
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE). Tem mais de 60 publicações nacionais e internacionais com ênfase em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia, Joelho e Quadril, Traumatologia esportiva e Eletrotermofototerapia.